quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Águia

Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha
apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa.
Conseguiu pegar um filhote de águia.
Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas.
Comia milho e ração próprias para galinhas,
embora a águia fosse a rainha de todos os pássaros.
Depois de 5 anos,
este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.
Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
-"Esse pássaro aí­ não é galinha.É uma águia."
-"De fato é!" disse o camponês. "É águia.
Mas eu a criei como galinha.
Ela não é mais uma águia.
Transformou-se em galinha como as outras,
apesar das asas de quase três metros de extensão."
-"Não é!" retrucou o naturalista.
"Ela é e será sempre uma águia,
pois tem um coração de águia.
Este coração a fará
um dia voar às alturas."
-"Nao, não é" insistiu o camponês.
"Ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova.
O naturalista tomou a águia,
ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:
-"Já que você de fato é uma águia,
já que você pertence ao céu e não à terra,
abra suas asas e voe!"
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista.
Olhava distraidamente ao redor.
Viu as galinhas lá embaixo,
ciscando grãos e pulou para junto delas.
O camponês comentou:
-"Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!"
-"Não é!" tornou a insistir o naturalista.
"Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia.
Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte,
o naturalista subiu com a águia no teto da casa.
Sussurrou-lhe:
-"Águia, já que você é uma águia,
abra suas asas e voe!"
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas,
ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
-"Eu lhe havia dito, ela virou galinha!"
-" Não é!" respondeu firmemente o naturalista.
"Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia.
Vamos experimentar ainda uma última vez.
Amanhã a farei voar."
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo.
Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade,
longe das casas dos homens,
no alto de uma montanha.
O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
-"Àguia, já que você é uma águia,
já que você pertence ao céu e não à terra,
abra suas asas e voe!"
A àguia olhou ao redor.
Tremia como se experimentasse nova vida.
Mas não voou.
Então o naturalista segurou-a firmemente,
bem na direçãoo do sol,
para que seus olhos
[pudessem encher-se da claridade solar
e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas,
grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se,
soberana, sobre si mesma.
E começou a voar, a voar para o alto,
a voar cada vez para mais alto.
Voou…voou até confundir-se com o azul do firmamento…

Texto de James Aggrey, educador de Gana

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